terça-feira, 24 de maio de 2011

COM A PALAVRA, MARIA PAULA

É com imensa alegria que a UGA passa a palavra para nossa criadora e incentivadora Maria Paula



CRÔNICA DE MARIA PAULA da Revista de Domingo do jornal Correio Brasiliense
18 de maio de 2011 

A educação
sem noção






BRASÍLIA –O Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação (MEC), distribuiu a cerca de 485 mil estudantes jovens e adultos do ensino fundamental e médio uma publicação que faz uma defesa do uso da língua popular, ainda que com incorreções. Para os autores do livro, deve ser alterado o conceito de se falar certo ou errado para o que é adequado ou inadequado. Exemplo: “Posso falar ‘os livros?’ Claro que pode, mas dependendo da situação, a pessoa pode ser vítima de preconceito linguístico” – diz um dos trechos da obra  Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender. Outras frases citadas e consideradas válidas são “nós pega o peixe” e “os menino pega o peixe”.





Era só o que faltava!

       Há tempos venho me preocupando com os rumos tomados pela educação, torcia para que novos paradigmas se apresentassem e ocupassem o centro do debate. Só que eu imaginava que fôssemos bis reinventar de forma mais inteligente e condizente com a revolução que a internet propiciou, facilitando o acesso a informação de forma tão contundente. Nunca poderia supor que os próximos passos seriam para trás!
        A notícia acima, publicada na capa do jornal O Globo de 14 de maio de 2011, me deixou desanimada, desolada diante de um enorme sentimento de frustração.
       O fato é que vivemos num mundo cujas mudanças ocorrem em alta velocidade e a necessidade de reflexão para que nos adequemos da melhor forma às transformações é constante. Muito tem se comentado sobre o fato de que os jovens se recusam a deixar seus “gadgets” fora da sala de aula. Em países mais antenados, como a Austrália, já ficou previamente estabelecido que está garantido o direito de trazer a rede para a escola, inclusive nos dias de prova. Eles encontraram formas alternativas de garantir que os alunos não estariam simplesmente recortando e colando as informações, mas se utilizando de ferramentas legítimas para aprofundar o conhecimento.
        Enquanto isso, no Brasil, a contribuição do governo vai no sentido inverso. Já posso ver Seu Craysson saindo da piada e tomando de assalto os livros didáticos dentro de sala de aula: “O paísio que vivêmios é o meior do mundio... Eu recomêndio e agarântio!”
         Minha sugestão é aproveitar a tecnologia para espalhar a informação e pensar numa mudança estrutural, focada no conteúdo do que é ensinado na escola. Já é hora de pararmos de promover a competição desenfreada e de nos preocuparmos um pouco mais com a formação do espírito de nossos jovens. Mesmo porque está tudo interligado e está claro que ao aprender teoria musical, por exemplo, teremos mais recursos para dominar conceitos matemáticos. Ou que ensinando arte e literatura estamos investindo na formação do caráter de nossos estudantes, que poderão aprimorar sua virtudes sem perder de vista noções básicas de convívio social e respeito ao próximo.
     
 

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