segunda-feira, 3 de outubro de 2011

CONEXÃO PROFESSOR ALUNO

Agenda 21 Escolar: novos rumos à sustentabilidade

http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/especial.asp?EditeCodigoDaPagina=509




Imagine uma cidade que tem um rio poluído e deseja recuperá-lo. Pode partir de sua escola a iniciativa de mobilizar outras escolas e a comunidade para a elaboração de um projeto de educação ambiental, sabia?

• Iniciar uma campanha para que as pessoas deixem de jogar lixo no rio;
• Investigar se há indústrias que despejam dejetos no rio e entrar em contato com institutos de pesquisa para verificar as tecnologias limpas alternativas;
• Investigar se o esgoto da cidade é despejado no rio sem o tratamento adequado;
• Elaborar um dossiê para entregar às autoridades competentes e exigir as providências necessárias.

Estas são apenas algumas das ações que podem desenhar o plano de sustentabilidade de sua escola ou instituição. Fundamentais, só que pouco produtivas se aplicadas isoladamente. Ainda que seja importante defender atividades pontuais como reciclagem da água e insumos, reaproveitamento do lixo, redução dos gases nocivos à atmosfera e produção de combustíveis alternativos, entre muitas outras,  é preciso articular, desde já, processos educativos que possibilitem uma mudança radical no olhar da humanidade em relação ao seu ambiente, algo que exige novas maneiras de educar.
A saída para uma efetiva reconstrução ambiental deve constar de uma reforma educacional interdisciplinar, orientada segundo os projetos pedagógicos de cada escola, ampliando-se o conceito de sustentabilidade. É o que propõe Ben Sangari, presidente da Sangari Brasil e do Instituto Sangari, empresa do segmento de educação que dissemina o conhecimento científico e promove a inclusão social no país, por meio de projetos que valorizam a educação e a cultura científica.
- O debate sobre a sustentabilidade de nossas atividades no Planeta não pode mais excluir as questões relativas à Educação, pois o fato inegável é que chegamos a esta situação de alarme ambiental e social justamente pelo fato de que as metodologias de ensino utilizadas pela humanidade nos últimos séculos, que evoluíram relativamente pouco em comparação com outras ciências, falharam na preparação das sociedades para uma vida sustentável – critica Ben.
A “Educação para a Sustentabilidade”, que já domina o ensino pedagógico em todo o país, surgiu a reboque da globalização e de um documento assinado lá atrás, em 1992, o Agenda 21 Escolar, que entende a educação ambiental formal como uma necessidade.
O Estado do Rio de Janeiro dispõe da Lei 3325/99, que introduz a educação ambiental em todos os graus e modalidades do ensino de forma transversal. Desta forma, não pode haver uma única disciplina com conceitos ecológicos e as demais ignorarem completamente os ecossistemas e as relações entre transportes, indústria, agricultura, urbanização, saúde e o meio ambiente.
A implantação da Agenda 21 Escolar, de forma participativa e integrada às regiões das escolas da rede pública estadual, é uma das iniciativas da Secretaria de Estado do Ambiente e de sua Superintendência de Educação Ambiental, em parceria com as Secretarias de Estado de Educação e de Ciência e Tecnologia. Com ela, pressupõe-se a inclusão da temática ambiental na escola em sua relação com a comunidade e a inserção da educação ambiental nos projetos políticos- pedagógicos escolares de forma transversal.
A agenda introduz a temática ambiental na escola e na comunidade do entorno ao estimular o desenvolvimento de parcerias e a prática da cidadania, a fim de promover o desenvolvimento local sustentável, a conservação dos recursos naturais e a melhoria das condições de vida da população.
Segundo a orientação de Tania Regina Moura Bueno, assessora pedagógica da OAK Educação e Meio Ambiente, “precisamos entender o meio ambiente como resultado de todas as relações humanas, devendo, portanto, ser trabalhado de forma implícita, nas questões diárias”:
- O meio ambiente é um aspecto que foi trazido de fora para dentro da escola. Mas, se a gente se percebe enquanto cidadão, este é um tema que permeia nossa vida assim como outras questões que se colocam em Português, em Matemática, em Física. A questão ambiental bate na porta do cidadão, que pode ser professor, médico, arquiteto etc. – afirma.
A pedagoga, especializada em orientação educacional e coordenação pedagógica, salienta ainda que o educador deve ser o primeiro a estar atento, transformando já o seu plano de aula: “o meio ambiente é um aspecto que precisa ser enfocado pelo professor enquanto cidadão. Estudando o assunto, ele certamente irá rememorar vários momentos em que poderia ter abordado o meio ambiente em suas aulas”.
Há dez anos, os livros didáticos brasileiros não incluíam o ambiente como conteúdo importante. Hoje, é natural que o professor de Geografia fale de relevo e também das questões antrópicas e ambientais envolvidas. Além de capacitar o aluno como cidadão, é fundamental promovê-lo como ser histórico, capaz de interferir e transformar sua qualidade de vida e a das futuras gerações.
A bacia hidrográfica, por exemplo, pode ser trabalhada em Arte, associada ao folclore dos rios, em Português, recuperados textos históricos relacionados, ou seja, o que não falta é conteúdo ambiental a ser gerado. O problema, segundo Tania, é que o livro didático ainda é fragmentado:
- O meio ambiente não pode mais ser visto se não for de uma maneira interdisciplinar ou até transdisciplinar. Não se pode abordar o meio ambiente se não falarmos de ética, de cidadania, de valores, de qualidade de vida. É preciso entender o meio ambiente como resultado de todas as ações humanas – reforça.
Algumas questões sobre o tema, inclusive, nascem com os próprios alunos a partir do que circula na mídia. A sugestão é que o professor leve o jornal para a sala de aula ou acesse as notícias online, com as quais poderá trabalhar a emergência do acontecimento ambiental. O educador deve primeiro ouvir o que os alunos querem saber, investigar o que eles já acumulam como repertório sobre o tema, e assim planejar de que ponto começar.
Quer saber? Mudar os rumos do planeta não é tarefa simples, mas pode perfeitamente acontecer no longo prazo (se integrada ao sistema educacional como prioridade). Confira, a seguir, mais uma dica da pedagoga:

- Devemos considerar a qualidade de vida do homem, sua relação com os demais seres vivos e com toda a diversidade do planeta. Não apenas integrar o indivíduo, mas fazê-lo íntegro ao meio ambiente. Não se pode falar em “limpar o habitat” e conviver com políticas amorais ou sem ética. Devemos pensar em um conjunto de relações que não só limpam as praças ou despoluem o ar, mas também educam as pessoas para a qualidade da vida e das relações - conclui.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...