sábado, 14 de maio de 2011

Contribuição muito bem vinda de Pe Rafael

Inferno


Conheço gente que tem dificuldades para imaginar como deve ser o inferno. Eu não tenho. Eu estou certo, por exemplo, de que lá as pessoas prendem, maltratam, vendem e matam animais silvestres. Desconhecem nossa origem comum e o quanto nos irmana com cada ave, cada réptil. Repelem a beleza da liberdade e preferem trocar tudo por um punhado de dinheiro. Negam-se a respirar em sintonia com tudo o que é vivo. Distanciam-se, enormemente, do mistério da natureza escondida debaixo da neblina do tempo. Querem ser diabolicamente práticos e imediatos. Exigem resultados. Para que serve uma onça solta na mata? Qual é a importância de cervos saltitantes na floresta? E os porcos monteiros, tão feios e barulhentos, de que adianta ficarem perambulando por entre as moitas? A quem interessa a presença de sucuris e outras cobras nos rios?
Numa região do Mato Grosso do Sul, nada disso faz sentido e para dar fim a essa inutilidade, segundo os resultados de uma operação da Polícia Federal que apontam para safáris clandestinos, foram revolveres, pistolas, carabinas e fuzis que se tornaram tridentes eficazes que caçadores se divertissem com o sangue dos animais. Cena de inferno. Eles matam por esporte. Há qualquer coisa de demoníaco nisso, ainda que a caça seja uma atividade ancestral. Mas, o inferno não nasceu ontem. E existe legislação brasileira atual que regula a caça, mas também isso tem algum sentido? Os diabos não se interessam por ela. A eles não interessam a ética da vida. Viver e deixar viver é um princípio do qual eles debocham.
O médico e teólogo luterano alemão Albert Schweitzer que encantou o mundo com sua obra e ganhou o Nobel da Paz em 1952 deixou-nos esta pérola: “Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar o semelhante”. Será o fim do inferno e o começo do céu. O início do império da ética da vida. Inspiração celeste. Mesmo que não seja sobre animais, apesar de ter tudo a ver sobre o inferno dos safáris ilegais, a mensagem que ressoa nos meus ouvidos, neste momento, é a de um spot de rádio produzido por um Instituto de ética que afirma: “Quantas vezes você ouviu que o Brasil não tem jeito, que ética é uma dessas coisas que não vingam por aqui, que o país nunca vai mudar. Tem muita gente que vive repetindo isso. Mas, se você reparar bem são as mesmas pessoas que compram produtos piratas, produtos sem nota, produtos de procedência duvidosa. Pois é. Enquanto a gente não mudar, o Brasil não vai ter jeito mesmo. Ético, é assim que a gente deve ser!”. Para combater o inferno, ética da vida!!
Abraço ao pessoal da UGA.
Pe. Rafael Vieira, CSsR

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