TEXTO PARA REFLEXÃO ...
Contribuição
"Quando a última arvore cair, derrubada; quando o último rio for envenenado; quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro é coisa que não se come."
(Índios da Amazônia)
Sustentabilidade é ser ético e solidário
Uma palavra que está na moda e na mídia. Mas, será que a sustentabilidade será a redentora do caos em que estamos? Sustentabilidade é ser ético e solidário. É ter compaixão pela Terra. É estar atento ao grito de socorro que ela nos emite através das catástrofes ambientais. Não seremos sustentáveis enquanto não deixarmos de lado o nosso egoísmo, enquanto cedemos aos apelos do mundo consumista. Enquanto milhares de pessoas morrem de fome e nós muitas vezes colocamos a comida no lixo, ou porque não queremos ou não sabemos como reaproveitá-la, porque temos demais e não nos preocupamos com quem não tem. Enquanto não sairmos do nosso comodismo da nossa inércia um mundo sustentável será difícil.
A sustentabilidade clama pela união de todos. Na escola, por exemplo, se a equipe diretiva não a promove, necessita do apoio e compromisso de docentes, discentes e cooperadores em geral. O mesmo acontece nas empresas; alta direção e colaboradores todos são importantíssimos para que venha surgir indícios da sustentabilidade. O presidente e os governadores com todos os políticos podem até planejá-la, porém sem a participação conjunta de toda a sociedade não haverá sustentabilidade. Todos nós somos convocados a contribuir.
Toda vez que um professor que conhece sobre a solidariedade, que sabe da sua responsabilidade em informar e formar um novo cidadão abre mão desse papel, não ensinando todo o conteúdo necessário a formação desse sujeito, não mostrando a ele que a vida não é mole, oferecendo a este a aprovação sem a condição, esse profissional está pecando contra a sustentabilidade.
Para ser sustentável é necessário querer mudar, querer se superar. E todo educando deve compreender que aprender é uma lição de superação a cada dia. O ato de estudar, não é meramente abrir os livros na sala de aula, ler em meio à conversa paralela. É entender o que leu e aplicar no seu cotidiano quando possível. Ser estudante é trabalhoso. Em casa é dever do discente revisar todo o conteúdo para fixá-lo melhor. Sustentabilidade é difícil de viver, de aplicar.
Muitas vezes dirigentes de empresas doam um percentual do faturamento desta para entidades filantrópicas, mas na própria empresa não há preocupação com os funcionários e sua condição de vida, cujo salário mal alimenta a família. Não acontece uma política ambiental de cuidado com os arredores onde a empresa está instalada, a sustentabilidade está apenas no papel. Será que a água contaminada, os resíduos gerados por ela são tratados, separados e tratados corretamente? A responsabilidade social das empresas existe de fato quando estas se responsabilizam por todos os danos causados por ela à natureza. Se isto não acontece, o resto é conversa, discurso para marketing verde que está no papel.
A água, esse recurso tão essencial para qualquer tipo de vida cabe um novo texto, uma nova reflexão, porém, não pode ficar de fora. Como acontecerá a sustentabilidade se cada vez mais aumenta a população mundial e água vai se tornando cada vez mais uma preciosidade?
Vejamos nós brasileiros como exemplos de descaso de descompromisso com este líquido tão importante. O Brasil conta com grandes reservas de água doce. Estão em território brasileiro 70% do Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce subterrâneas do mundo. Triste é concluir que não há uma política de conscientização a respeito do uso deste recurso que sabemos é inesgotável sim. É uma ideologia a sustentabilidade num mundo onde não há o recurso mais essencial à vida. No Brasil até há, mas falta o cuidado e sobra o desperdício. Quantos de nós que leva à sério um banho de cinco minutos? Escovar os dentes ou lavar a louça com a torneira fechada? Reutilizar a água que se lava verduras, vegetais para aguar plantas, para outras limpezas? Nas casas, quando haverá uma exigência para que haja um reservatório para recolhimento de água da chuva, ou até mesmo do enxágue da máquina de lavar? Água que poderia ser utilizada nas descargas dos banheiros, regar os jardins, limpeza de calçadas e vias públicas. Por que apenas prédios grandiosos estão tendo esta oportunidade? Quando essa oportunidade vai chegar até as casas mais simples? A sustentabilidade não acontece sem planejamento de consumo. Com a água, principalmente, é quase impossível.
Nós humanos estamos numa crise, onde se destacam a falta de ética, o individualismo, a ganância e a arrogância. Se não enxergamos nem o nosso próximo, como é que vamos pensar em preservar algo para as gerações futuras? E o nosso próximo que está vivendo agora, aquele que mora em áreas de risco, que sofre com enchentes, que não tem saneamento, e muitas vezes nem o que comer? Eis o que prega o desenvolvimento sustentável: ‘‘desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.
Se de fato queremos viver num mundo melhor, num mundo mais seguro, precisamos reaprender a ser pessoa. Precisamos ser solidários de verdade! Tomar atitudes perante as injustiças contra os mais fracos. Hugo Asmann diz: ‘Os seres humanos não são “naturalmente” tão solidários quanto parecem supor nossos sonhos de uma sociedade justa e fraternal. ’
Como queremos defender a natureza, se não defendemos muitas vezes o outro, para que tenha direito à alimentação, saúde, moradia e educação? Devemos sim defender o que nos resta da natureza, mas devemos cuidar da sociedade. Necessitamos urgentemente acordar e compreender a frase de Mahatma Gandhi: ‘A terra satisfaz a necessidade de todos, mas não a voracidade dos consumistas. ’
Se pretendermos implantar a sustentabilidade em nosso planeta, precisamos ser primeiramente solidários. Há um descompasso muito grande entre ricos e pobres. Como podemos admitir que apenas 2% de pessoas detenham 50% de toda a riqueza mundial? Que o consumo de um cidadão em alguns países do Norte, chega a ser, em determinados aspectos, vinte vezes maiores ao de um habitante de países do Sul. Como admitir que apenas 20% da humanidade consomem 75% de tudo que é produzido no planeta? Falando em combustíveis fósseis, os Estados Unidos representam no máximo 6% da população mundial e consomem 30% da energia mundial. Como atingir a sustentabilidade?
Sabemos que: “A educação não muda o mundo. A educação muda as pessoas. As pessoas mudam o mundo.” Nós estamos carentes de educação para aprendizagem da solidariedade. Necessitamos lembrar que estamos na terra apenas de passagem, então porque juntar tanto? Como superar o germe da ganância? Será que há caminhos que nos leve a sustentabilidade se continuarmos a viver como vivemos? Será que estamos dispostos a reaprender a viver abrindo mão do nosso conforto conquistado?
Se quisermos viver a sustentabilidade, então que estejamos dispostos a dar o primeiro passo. Mudando a nós próprios. Viver na solidariedade, generosidade e esperança para uma nova humanidade.
Autora: Nadir Ap. Dias Ferrari
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